20 poemas escolhidos e um falso haikai

Nesta breve seleção de poemas verifica-se outro dado que demonstra quanto a sensibilidade é transmissível, seleção feita com amor de personagem que, silenciosa, mas firme, acompanhou o poeta: sua esposa Leda. As razões desta seleção - que não é, certamente, a que eu faria - servem ainda mais para acentuar o mistério que sempre envolve a poesia de Naud. Ele chama o leitor. "Vê. Somos o mundo". Mas aflora - nenhuma dimensão além do contorno.

O poeta mergulha em antinomias - "renúncia de não ser", num conflito que a longa trajetória leva a revolta contra os males que afligem o mundo "e se projetam noutra morte / em que a vida se acalanta". Mas "O gesto fica", plasmado na estátua que fita o passado e perscruta o presente, como se hodiernas silfides bailassem ainda, para resgatar o amor sempre presente nestes "20 poemas", que se transformam assim num mar a ser percorrido desde o imaginário deste poeta tão profundo, uma das melhores vozes contemporâneas.

Por tudo isso, parabéns, Leda, que n'esse calendário trata de inscrever / nossa hora com o cosmos... aqui. Finalmente, e "mais para lá/ a memória.